Resenha de A Verdade sobre Nós de Jorge Barrús

                Resenha de A Verdade sobre nós esteve no Em Pauta: Café literatura. Confira!

                                                                                  

A verdade sobre nós – Existe vida após a morte?

Neste romance espiritualista, o autor apresenta Daniel, um advogado cético e pai amoroso, experimenta situações que abalam fortemente suas certezas e, por isso, se percebe fazendo os mesmos questionamentos que cada um de nós já fez a si mesmo em algum momento da vida:

 

Será a vida algo sem sentido?

Porque algumas pessoas experimentam situações difíceis enquanto outros parecem nada sofrer em sua existência?

Se a morte é o fim para todos, sem exceção, porque lutar para fazer o bem?

 

O livro A Verdade sobre Nós inicia-se apresentando Daniel, que vence mais uma vez nos tribunais. A trama é ambientada na Bahia.

Paralelo a isso, um sangrento crime é praticado. Uma mulher, juntamente com seu marido, é acusada de matar os seus pais adotivos. O caso virou manchete sensacionalista e Daniel lê por cima os detalhes apurados do caso, até então.

 Em seu escritório, Dr. Daniel é consultado por Jôse, pedindo para que o advogado assuma o caso- que até então estava com o advogado Dr. Marlione, que foi despedido- e faça a defesa de sua irmã adotiva Jaíne-acusada do crime- e do marido dela, Leonildo, também acusado. Jôse tem certeza da inocência de ambos, mesmo que supostamente tenham assassinados seus pais, Iranildes e Claudemiro.

 Não apenas as dificuldades impostas pela defesa da cliente- crime aparentemente insolúvel em sua vida profissional que Daniel terá que solucionar em A Verdade sobre Nós.

Outras situações igualmente dificeis acontecem em sua vida particular, envolvendo seus entes queridos.

O advogado Daniel, um advogado sucedido de meia idade, seguiu a carreira do pai e vive  no aparatamento (herdado) com sua filha Renata, agora com quatorze anos e a empregada Dona Maria.

Ele stá separado de sua mulher Madalena.

 A separação foi litigiosa, isto é, ela não desejou a separação do casal que se fez contra a vontade dela por de meios legais.

Inclusive, Madalena recebeu uma ordem de restrição para ficar afastada da filha após a separação.

Ao longo da trama ela não só descumprirá essa Ordem como ainda tentará recorrer pedindo a Guarda tutelar da menina na justiça.

O inicio do relacionamento dele e de Madalena, assim como a separação deles, são explicados pelo autor ao longo da trama, utilizando-se para tal do recurso de Flashback.

Logo após a finalização do processo judicial de separação, Daniel e Renatinha sofrem um trágico acidente, quando o advogado após acordar de período de coma descobre-se paraplégico.

Apesar de ter sofrido problemas com o braço, resultado do acidente, a menina conseguiu se recuperar- ao menos dos sofrimentos físicos.  

A empregada, dona Maria, que além de auxiliar Daniel nos assuntos domésticos e atuar como mãe substituta de Renatinha ainda o conduz através pelas descobertas do espititismo, assim como mais tarde Marcília,psicoterapeuta da clinica de dependentes quimicos onde o irmão da acusada do crime, Luiz, foi Internado. Marcília ainda terá um papel importante ao auxiliar Daniel na condução do caso de Renatinha, que se automutila.

A personagem Madalena é uma clara referência ao personagem Bíblico Madalena, inclusive porque essa Madalena do romance A verdade sobre nós é uma garota de programa.

Quando ela se envolve com Daniel ele ainda não era paraplégico e ela logo rejeita formar uma família com o advogado, mas em dado momento da trama ela engravida e rejeita a criança, abandonando o lar quando a menina era ainda pouco mais que bebê.

Agora adolescente, a filha de Daniel e Madalena encontra na automutilação um alívio para seus traumas e Jorge Barrús trouxe para o leitor uma discussão oportuna sobre sofrimento na adolescência e as fugas que adolescentes se utilizam para expressar os sentimentos conflitantes tipicos da fase do desenvolvimento, agravados pela rejeição materna, o que ocasionou um trauma em longo prazo na menina.

Outros personagens são Mariana e seu marido Mauro.

Mauro, desempregado, foi envolvido num assassinato e acabou sendo preso e ao sair da cadeia não encontra emprego, rendendo-se ao alcoolismo para combater suas frustrações e, por isso, torna-se violento.  Mariana, secretária de Daniel, acaba encontrando no advogado mais que um chefe, um amigo, com quem conversa sobre sua situação e ele por sua vez, procura ajudá-la.

 Mariana não abandona Mauro por que o ama e juntos eles tem Danny, ainda criança pequena.

Existem ainda outros personagens na trama como Leandro- o outro advogado que divide o escritório com Daniel- e Paula, que substitui Mariana em sua função quando ela é finalmente promovida no escritório e advocacia.

O autor Jorge Barrus, com linguagem acessível, aborda neste livro os primeiros ensinamentos sobre encarnação, o poder e finalidade da oração dentre outros assuntos, através de uma trama leve e fluída, entremeados na trama de mistério.

Introduzindo na narrativa os trâmites Legais necessários para elucidação do crime, o autor demostra como a justiça dos homens percorre um longo caminho antes de ser feita e o que muitos interpretam como morosidade é tão somente a busca pela verdade e pela justiça.

Da mesma forma, a justiça espititual percorre um longo caminho para se concretizar, muitas vezes necessitando para isso mais que uma encarnação e aquilo que interpretamos como injustiça e sofrimento nada mais é que o resultado de uma história pregressa que desconhecemos.

O autor Jorge Barrús obteve inspiração da espitualidade na construção do enredo de A Verdade sobre Nós, discutindo temas atuais e valores morais de forma leve para o leitor que  desejar poder se aprofundar no assunto, porque o espiritismo requer um estudo muito mais aprofundado do que seria possivel num único romance espiritualista.

Será que Daniel obterá sucesso em sua defesa?

E Você, acredita em vida após a morte?

Descubra você, as chaves contidas em A Verdade Sobre Nós!

 

                                                    MIchelle Louise Paranhos- Crítica literária