Pablo- O cigano de Ouro de carla Póvoa

O Livro Pablo-O cigano de Ouro da autora Carla Póvoa traz como subtítulo “Histórias do Povo Zíngaro”.

Essa informação é muito importante para situar o leitor sobre qual povo cigano é a narrativa.

 Embora a história seja ficcional, a autora obteve a orientação de “ciganos de sangue”-ciganos nascidos e criados nos costumes daquele povo- para trazer veracidade ao enredo.

Cada parte da história, por mais delicada e sensível ou, ao contrário,triste e aparentemente cruel segundo nossos padrões não ciganos ou de “gadjés”-como eles se referem a nós- representa um princípio da verdade com a qual conduzem o seu dia-a dia.

Quem é o povo zíngaro? Qualquer cigano é um zíngaro?

Segundo o dicionário informal[1]·: os ciganos zíngaros foram aqueles que se originaram do antigo oriente, mas o termo zíngaro aplica-se especialmente aos ciganos espanhóis.

Hoje é mais comum adotar-se o termo Roma para referir-se àquele povo nômade.

O termo zíngara passou a se utilizado especialmente para referir-se aos ancestrais dos ciganos que hoje estão ainda vagando sobre a Terra.

Porém, em determinadas ocasiões e apesar das diferenças existentes entre os diferentes clãs dos Roma, os ciganos são muito parecidos conosco possuindo especial atenção pela comunidade, pela família, pelo respeito às tradições.

A novela de Pablo- O cigano de Ouro conta a trajetória de vida do cigano espanhol Pablo, a partir do momento em que ele é ainda um jovem sedutor, de apenas 15 anos.

 Pablo já estava sendo preparado para assumir a liderança do povo, seguindo os passos de seu pai.

Prometido em casamento para Sarita desde que ela nascera a jovem estava agora com 13 anos.

 Era chegado o tempo de cumprir o acordo e oficilalizar o compromisso, casando-se com Sarita, constituindo assim o seu núcleo familiar no acampamento.

Abençoada ao nascer pela maga da tribo, Sarita tinha o dom de apaziguar e o dom maternal. Mas a sensualidade poderia ser um problema, caso não fosse bem educada, advertiu Davinia- a velha maga.

Assim que se inicia a trama, uma jovem e bela cigana dança com graciocisade e sedução. É a jovem Amarílis, prometida a Thiago- um cigano taciturno e que contrastava com a alegria de sua prometida.

Entretanto, Amarílis só tinha olhos para Pablo. Marco- o líder dos ciganos- prevenira o filho Pablo de que o comportamento de Amarílis poderia colocar não apenas ele e seu casamento com Sarita,assim como toda a tribo,em grande perigo.

Amarilis, por sua vez, não perdia ocasião para tentar ao jovem, dizendo-lhe inclusive que poderia romper o compromisso assumido entre os pais dela e os de Thiago. Para isso, bastava apenas Pablo demonstrasse que a queria para si.

Amarilis via em Pablo não apenas um belo cigano, como a oportunidade de se tornar a matriarca da tribo, posição que almejava.

Casar-se com ele seria unir o útil ao agradável.

Ainda ingênuo nas questões de amor, Pablo não conseguia perceber as artimanhas de Amarílis nem as razões escondidas por trás delas; Contudo, intuía que aquilo lhe traria problemas e procurava manter-se afastado da moça.

Ocupava-se especialmente descobrindo novas ervas e os efeitos benéficos que poderiam trazer para o seu povo e assim auxiliar a curandeira nos tratamentos.

Agora a autora Carla Póvoa nos apresenta o jovem Alexandre-um tenente que morava numa base militar não muito distante de onde estava localizado o acampamento de Marco.

Ele havia prendido alguns meliantes e seu ato de heroísmo foi muito bem recebido na base militar. Assim, obteve um passe especial para visitar sua mãe que estava doente.

Ao deixar a base militar o jovem tenente sofre uma emboscada.

 Muito ferido, é resgatado pelo cigano Pablo que está um poco afastado das imediações do acampamento procurando pelas ervas que poderiam curar Amarílis que andava indisposta naqueles dias.

É aqui que a vida de Alexandre e Pablo se cruzam - e uma amizade improvável se estabelece. Após um tempo em que Alexandre passa a viver no acampamento até que os ferimentos se cicatrizem, o relacionamento se fortifica e transforma-se em amizade sincera e ao longo do enredo a amizade entre Pablo e Alexandre ainda será de grande importância para eles.

Existe durante a narrativa o surgimento de outros personagens igualmente cativantes e com suas histórias peculiares, que servem para relatar parte dos costumes do povo.

A trama possui vocabulário culto ainda que de fácil entendimento especialmente quando a autora nos brinda com expressões e ditados na língua pópria do povo zíngaro.

 O foco principal está na ação-como é esperado para a novela-porém o desenvolvimento do perfil de cada personalidade é sutil e bem conduzido, podendo-se perceber cada personagem e sua forma própria de pensar e entender o siginificado do live arbítrio ao aceitar ou rebelar-se contra a tradição impostas inicialmente por Marco e em seguida por Pablo, quando este assume a liderança de forma definitiva.

A diagramação é bem feita. Em papel pólen-amarelado-a leitura torna-se fluída, especialmente pela fonte de bom formato e tamanho.

Com 192 páginas, o livro é dividido em capítulos onde podemos observar na introdução de cada capítulo a imagem sombreada da capa reproduzida na folha, antes da sequência da história propriamente dita, produzindo um belo efeito visual.

A capa do livro representa a reunião de simbolismos do povo zíngaro: o sol, a lua, o ouro e o punhal manchado de sangue-porque é com sangue que se resolve as questões de honra.

Um Romance que reúne cultura e misticismo de um povo que luta e resiste bravamente ao medo e a ignorância dos não ciganos a respeito de seu modo de vida.

Essa ignorância infringida ao povo cigano é como o véu social, camuflando o medo do desconhecido-raiz de todo o preconceito.

Conheça, através da Novela “Pablo-O cigano de Ouro”, um pouco mais sobre esse povo-um dos mais antigos da história mundial, ainda hoje existentes em várias regiões de todo o mundo, inclusive no Brasil.

Michelle Louise Paranhos- Critica Literária

 

 

 



[1] Dicionário Informal: Cigano Membro do grupo étnico originado

Do Antigo Oriente Provavelmente do Norte da India. Conhecidos por suas danças, músicas alegres e misticismos em todos os países. Por ser um povo errante, sua cultura agrega cultura de vários países. Eles foram e ainda são alvos de muito preconceito, Uma das maiores chacinas vivenciada pelo povo cigano foi durante a segunda guerra mundial, nos campos de concentrações alemães.