Primeiras Impressões de Nunca Olhe para Dentro de Amanda Ágatha Costa

          A amostra que recebi para estas Primeiras Impressões possui 41 páginas. A epígrafe -ou texto inspirador de abertura- traz oseguinte pensamento:

             “As suas cores podem ser infinitas. Dê valor a todas elas”.

        Conforme fui lendo os primeiros parágrafos de “Nunca Olhe para Dentro” de Amanda Ágatha Costa, essas palavras tiveram para mim, enquanto leitora, um sabor agridoce como o perfume de narcisos.

       Perceberam o jogo de palavras com as percepções?

        A capa deste livro já traz em si a referência a essa sinergia- figura de linguagem onde as percepções sensoriais estão usadas de forma diferente, como uma confusão de sentidos.

         Betina, a protagista é uma menina incomum. Com apenas oito anos no início da trama, ela percebe as emoções como cores;assim como cada pessoa possui sua própria cor, ao ser entendida como tendo uma emoção principal que a caracteriza.

          Assim, a própria menina é amarela; outras pessoas e situações possuem cores próprias.

 

       “Alguns pensam através de situações, eu penso através de cores. Cada emoção representa uma cor na minha mente. Automaticamente, fi ltro o humor e os comportamentos de uma pessoa, transformando-a em diferentes tons. Agora nós somos todos azuis.”

           Além de uma figura de linguagem, a sinergia também é uma condição neurológica, como um cruzamento de sentidos. E essa condição- não mencionada claramente no livro, ao menos nessa amostra- a torna muito especial: ela pinta com maestria incomum para menina tão pequena, sendo conhecida como “a menina prodígio de Ostala”.

        Quando os pais voltam da exposição da pequena notável, sofrem um acidente de carro e a tutela da menina é entregue a Cecília, sua tia por parte de mãe- uma verdadeira megera.

       O prólogo é iniciado em flasback e no primeiro capítulo encontramos Betina adulta, cursando psicologia e tendo como amigos Paola e Caio.

       Guarda uma caixa que era de sua mãe e que hoje lhe pertence, onde esconde todos os seus tesouros afetivos.

        “É só bem atrás de todos os outros objetos que um dos meus maiores pesadelos se mostra real. Palpável, mas igualmente intocável. A caixa de lembranças não permitidas. Nunca olhe para dentro. É o que está escrito na tampa. Nunca olhe para dentro. A melhor forma para lembrar-se do que não pode ser visto, é repetir de todas as maneiras possíveis o quanto não se deve fazer aquilo. Por isso, essas quatros palavras me mantêm ainda mais afastada do conteúdo armazenado ali. O que é estranho, porque essa caixa já pertenceu à minha mãe. Não exatamente da forma como ela é hoje, mas posso dizer que se resume a uma das poucas heranças afetivas que ainda existem sobre ela. Ganhei quando comecei a ler e escrever, antes mesmo do primeiro ano do colegial, e só sei o porquê de ter recebido esse presente por causa da mensagem que ela teve o prazer de gravar no fundo". 

        “ Você é especial, assim como suas memórias sempre serão. Não as deixe desaparecer. 

            Olhe para dentro e repita comigo: Guarde cada uma. Ame todas elas.”

        Betina não pinta mais telas, mas ainda assim, continua vendo as cores. Incomoda-se ao ver as roupas brancas de Nicholas, o médico do estágio na faculdade:

        “As mãos dele estão espalmadas sobre a mesa branca e apesar de eu adorar o branco, aqui eu odeio. O branco representa a paz de espírito. A sensação mais límpida e reconfortante. O branco, ao contrário do preto, é muito especial, devido a poucas pessoas serem brancas. Eu não me lembro de ter conhecido alguém que realmente fosse”.

        Gostei, em especial, da capa de” Nunca olhe para Dentro”.

       A cor predominante é a cinza, com os narcisos em destaque, formando um bonito contraste.

     Além disso, a capa será facilmente entendida pelos leitores, ao ver (ler) a descrição da homenagem que a Betina presta à memoria de seus  pais, levando para o cemitério sempre às sextas feiras,narcisos amarelos.

        As flores são uma sutil referência à forma  como o pai  chamava Betina: “Amarelinha”.  

       Assim, a leitura da ilustração de capa que se sobressai é essa: Um pouco de Betina fica lá, ao lado de seus pais no cemitério, a cada sexta feira, na imagem daquelas flores de cor amarela- acor que a representa- em meio ao caos cinza que a vida da protagonista se transformou.

      Um livro delicado e sutil que promete ser um Romance Dramático incrivelmente belo.

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Sinopse: Nem sempre a vida é colorida como um quadro ou suave como uma pincelada, às vezes é o contrário de tudo isso. Depois de perder os pais em um acidente de carro aos oito anos de idade, a única coisa que Betina precisa fazer é encontrar o responsável por ter destruído sua família na noite que daria início à sua próspera carreira como pintora. Agora longe dos pincéis e das paletas, ela está focada em terminar a primeira graduação e procurar na justiça um pouco de consolo para o caos que o seu passado ainda traz. Ao lado de seus amigos e sob o teto de uma tia que a detesta, ela perceberá de que cores as pessoas são feitas, e do quanto é realmente necessário olhar para dentro de tudo aquilo que a assombra, mesmo que para isso precise passar por uma inesperada decepção.

                                        

                                                   Michelle Louise Paranhos- autora e critica literária.